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Quem te viu, quem te vê

por Anderson Matos - Insta: @andersonmatos93 em 10 de Setembro de 2018 18:15

             
                         (Erick marcando o gol da vitória por 1 a 0, diante do Vasco. Foto: Maurícia da Matta / ECVitória)

A perspectiva que o torcedor do Vitória tinha quanto ao futuro do seu time dentro do Campeonato Brasileiro era a pior possível até o dia 14 de agosto de 2018, quando Paulo Cézar Carpegiani foi anunciado como novo treinador do Leão, trazendo consigo uma esperança aos fanáticos rubro-negros. Mas nem tudo são flores. Cinco dias depois o comandante fez a sua estreia à beira do campo e levou uma surra de 3 a 0, para o Palmeiras, em pleno Barradão.

Naquele dia foi visível o descontentamento de Carpegiani com o que viu em campo e era clara a preocupação que ele tinha em relação ao time do Vitória.

Um elenco fragilizado, sem confiança, pressionado por vir de atuações e resultados ruins. Uma equipe que levou 13 gols nos últimos cinco jogos antes de anunciar o experiente treinador, fora as goleadas sofridas antes dessas partidas, as quais fizeram com que o Vitória sofresse 36 gols em 18 partidas. A verdade é que naquele momento, ninguém conseguia entender como um time "tão ruim" conseguiu fazer 19 pontos no Brasileirão.

O torcedor já não suportava tanto sofrimento e em dia de jogo, o som que ecoava eram as vaias e os protestos contra a atual direção rubro-negra. Alguns até tentaram organizar manifestações mas sempre com uma quantidade de pessoas muito pequena. A fase era a pior possível e poucos enxergavam uma luz no fim do túnel, principalmente pelos jogadores disponíveis no elenco e pela falta de opções no mercado o Leão contratar.

Mas Carpegiani foi esperto e bastante inteligente. Logo após a derrota para o Palmeiras ele decidiu observar com mais carinho o time sub-23 e logo na primeira partida que assistiu (Vitória 2x0 Internacional), subiu o zagueiro Lucas Ribeiro e o volante Léo Gomes, que quase foi dispensado no início do ano, se não fosse a interferência do técnico João Burse, que explicou a importância deste jogador para o Vitória no Campeonato Brasileiro de Aspirantes que aconteceria mais tarde.

Outrora humilhado por um dirigente do Leão (Relembre Aqui), o atacante Léo Ceará voltou de empréstimo do Confiança onde fez uma boa Série C e a princípio viria para compor o time sub-23. Mas em apenas um coletivo Carpegiani identificou que ele vive um momento melhor do que André Lima e o argentino Walter Bou que até o momento não agradou.

A solução estava dentro de casa e ninguém conseguiu enxergar isso, ou não teve a coragem de Paulo Cézar Carpegiani, que aos 69 anos de idade permanece atento e perfeccionista.

Logo na sua segunda partida, Carpegiani decidiu colocar os garotos da base para estrear contra o Flamengo, num Maracanã lotado. Cerca de 51 mil torcedores acompanharam esta partida. Foi muita coragem, mas terminou dando certo. O Vitória perdeu por apenas 1 a 0 (o que já era muita coisa na época).

Agora finalmente começa a parte boa deste artigo e aqui vai uma perguta: você imaginaria que um time como esse citado acima conseguiria ficar quatro jogos sem perder e sem levar um gol sequer?

Tudo começou contra o Atlético Mineiro, no Barradão. Quando a sorte e a competência fizeram as pazes com o Vitória. Nesta partida o Leão ainda errou em diversos momentos e quesitos, o adversário perdeu cada gol incrível e o outrora humilhado Léo Ceará aproveitou uma rebatida de bola na trave e marcou o gol que deu o triunfo ao Rubro-Negro. Na partida seguinte uma tímida evolução tática, mas o Vitória venceu o América Mineiro, novamente por 1 a 0 e mais uma vez com gol de Léo Ceará, desta vez consolidando os garotos da base na equipe titular e junto à torcida também.

Essa partida trouxe um som que nunca mais ninguém tinha escutado no Barradão: "Sabe?! Eu sou Vitória com muito orgulho, com muito amor". Quem diria...

Depois de vencer o Coelho, o desafio agora era conseguir ganhar três partidas consecutivas e o adversário era o irregular Fluminense, com salários atrasados e num Maracanã vazio. Mas Carpegiani tinha alguns desfalques para a partida e decidiu colocar uma equipe mais defensiva, conseguindo o empate por 0 a 0 e somando mais um ponto no Brasileirão.

Eis que chega o último domingo (9). O Vitória já somava mais de 270 minutos sem sofrer um gol sequer, o que não causava mais espanto devido à organização defensiva que Carpegiani conseguiu montar após sua chegada. O adversário era o Vasco da Gama, que também brigava para se afastar da zona de rebaixamento e novamente o Leão estava bem postado defensivamente, numa noite inspirada do volante Léo Gomes que além de ser o equilíbrio tático de Carpegiani, se doa a todo momento nas partidas e foi até garçom no único gol do jogo, com um passe sensacional, de três dedos, para delírio da Nação Rubro-Negra que saiu do estádio pela terceira vez seguida com uma vitória e somando quatro jogos sem sofrer um gol sequer.

Nos bastidores percebe-se um ambiente mais leve e descontraído, porém de muita "serenidade". Não se vê oba-oba e nem ufanismo pelo bom momento vivido. Mas para um time que estava deteriorado e sem esperanças, que era xingado aos 15 minutos do primeiro tempo, dar a volta por cima em um curto espaço de tempo é algo para comemorar com moderação.

Quem te viu, quem te vê, Esporte Clube Vitória.


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