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Vertigens da Grandeza

por Artur Salles Lisboa de Oliveira em 27 de Outubro de 2009 22:07

O Esporte Clube Bahia tem como maior patrimônio o fanatismo imensurável de sua torcida. Esse capital, em circunstâncias de resultados positivos dentro de campo e com a presença de uma praça esportiva que abrigue 100 mil pessoas, por exemplo, se torna um gerador de caixa sem precedentes. Ou seja, um mínimo de capacidade de gestão faz dessa marca poderosa uma empresa extremamente rentável.

 

Entretanto, todos que cercam o clube são acometidos por vertigens que levaram e continuam conduzindo o supramencionado ao fundo do poço. Por parte dos dirigentes, a vertigem se dá pelo sentimento arcaico de posse e propriedade familiar, que faz com que os clãs se perpetuem no poder por décadas sem nenhuma piedade de uma instituição em ruínas em decorrência de interesses particulares que se sobrepõem à causa maior: o clube.

 

Na conta dos torcedores também é preciso creditar um grande equívoco: esse fanatismo translocado, manifestado pelo grito de ‘é campeão’ em qualquer resultado positivo obtido ou pelo ato bisonho de devorar a grama de um campo para expressar sua felicidade por não reincidir no porão do futebol: a série C. Isso leva uma falta de credibilidade à grande massa tricolor, que é vista por todos como um bando de malucos incapazes de repensar o clube – mesmo porque qualquer série de resultados positivos abafa qualquer ímpeto crítico.

 

 Por parte dos torcedores mais conscientes, que tentam construir um ambiente democrático no que hoje não passa de um feudo autoritário, cabem também algumas incongruências nos seus discursos, acalmados conforme noticiado na imprensa pelo recebimento de algumas posições secundárias no clube – talvez acreditando que futuramente terão poder deliberativo ou mesmo por interesse comercial, político ou de qualquer outra natureza.

 

O fato incontestável é que não há grandeza que sobreviva a uma estrutura política e administrativa tão arcaica, mantida por clãs determinados a sugar para benefício próprio a história de um clube; não há recuperação que se suceda num contexto de fanatismo exacerbado, quase doentio, que cega completamente uma parte importante e pensante do clube, que é o torcedor. A grande questão do Esporte Clube Bahia é: com que intensidade a torcida vai comemorar uma eventual manutenção do time na série B?


Artur Salles Lisboa de Oliveira

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