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Torcida de Ouro: O maior patrimônio do Esporte Clube Bahia

por Marcelo Muniz - @omarcelomoreira12 em 31 de Janeiro de 2021 12:17

No dia seis de dezembro de 2010, a torcida do Bahia ganhava o troféu Torcida de Ouro, premiada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A premiação foi dada ao torcedor do Bahia, que estava representado por Marcelo Guimarães Filho, presidente do Esquadrão na época. A honraria foi dada graças ao amor incondicional e paixão que transcende o futebol, da fanática relação com o clube. Durante a Série B, o Bahia foi o clube com a maior média de público entre os 20 clubes, levando no mínimo 18.654 torcedores por jogo, ao Estádio Metropolitano de Pituaçu.

Como dito anteriormente, Marcelo Guimarães representou toda a torcida do Bahia ao receber a premiação, mas ele próprio admitiu que aquilo não pertencia a ele, ou ao clube, mas sim ao maior patrimônio do Bahia, quiçá da Bahia: a torcida.

"Este título não é meu e nem do Bahia. Ele é da Nação Tricolor, que foi reconhecida como exemplo para todo o Brasil. Espero que no ano que vem, estejamos aqui para recebermos prêmios de jogadores ou treinador do Bahia na Série A de 2011, contando com o apoio de sempre, comprovando o que até a CBF já admitiu”, falou o então presidente.

O prêmio Torcida de Ouro existe desde a primeira edição do Craque do Brasileirão, e antes do Bahia, apenas o Corinthians teve sua torcida considerada de Ouro, estando na segunda divisão.

Quem no Brasil não lembra de ver o Pituaçu lotado e a torcida vibrando ao cantar "vamos subir esquadrão", jogo após jogo? Quem esquece da arrancada que o time fez após a chegada do desconhecido (para o torcedor) treinador Márcio Araújo? E como não recordar dos gols e danças de Adriano, vulgo "Michael Jackson"? Sim, 2010 foi um ano de ouro para a parte tricolor dos baianos. Mas isso foi apenas um reconhecimento a uma torcida que não abandonou o Bahia, quando o clube chegou no fundo do poço.

O ano era 2005, o Bahia tinha um dos times mais caros da Série B daquele ano, e contava com estrelas como Uéslei "Pitbull", Dill e Viola. Mas ao final o Esquadrão decepcionou a fanática torcida e chegou ao fundo do poço do futebol brasileiro, a temida Série C. Chegou 2006, e novamente um ano de fracassos, Viu o Colo-Colo ser campeão baiano e quebrar uma sequência de 37 anos de títulos entre Bahia e Vitória, e na Terceira Divisão o torcedor viu o Esquadrão ter o maior investimento em contratação de jogadores, maior média de público da competição (terceira melhor entre todas as divisões) e melhor campanha nas primeiras fases. E mesmo com tudo isso, teve que observar o Bahia ser eliminado no octogonal decisivo da Série C do Campeonato Brasileiro e ainda sofrer uma das maiores e mais humilhantes derrotas da história do clube, 7 a 2 para o Ferroviário. Claro que depois disso tudo, o Bahia estaria abandonado, correto? Errado!

O ano era 2007, O Bahia partia para o segundo ano consecutivo na Série C, vivia a pior crise da história do clube e estava desacreditado por todos, exceto pelo apaixonado torcedor, que mais uma vez lotava a Fonte Nova e alcançava a maior média de público do ano (entre as três divisões). Foi uma caminhada fácil? Longe disso. Foi prazerosa? Com certeza não. Ficou marcada na memória de todo torcedor do Bahia? Com certeza! 

O que resume o Esporte Clube Bahia, é o eterno "gol de Raudinei", e em 2007 não seria diferente. Foram 32 jogos na Série C daquele ano, onde o time conquistou 18 triunfos, 9 empates e 5 derrotas (claro, nenhuma dentro da Fonte Nova). Foram 62 gols marcados e 31 sofridos, mas um no meio de tantos, está guardado na memória dos 8.927 torcedores pagantes, na noite de sete de outubro, onde o Esquadrão entrou em campo com Márcio Angonese, Carlos Alberto, Alisson, Eduardo e Adilson; Marcone, Émerson Cris, Danilo Gomes e Cléber; Moré e Nonato.

Sim, o "salvador" saiu do banco de reservas, e se chamava Charles, e assim como Raudinei em 1994, ele marcou no apagar das luzes e deu "um título ao Bahia". Raudinei foi o herói do Campeonato Baiano de 1994, Charles classificou o Tricolor para o octogonal final da Terceira Divisão, o que para alguns não é nada, para toda a torcida do Bahia depois daquele resultado só Deus poderia tirar o acesso do Bahia para a Série B. Apenas para lembrar, o Bahia precisava vencer e ainda torcer para o Rio Branco perder ou empatar com o ABC. Tudo conspirou e aquele dia está eternizado no coração de todos os tricolores.

Enfim, retornado ao prêmio de torcida de ouro em 2010, foi o ano em que marcou o retorno do Bahia à Série A desde 2003, foram longos 7 anos longe da elite, para um time grande como o Esquadrão, era algo inacreditável e inédito. Primeira divisão em 2011 e o clube voltou às eras de glórias? Não! Foram anos brigando para não ser rebaixado, e em 2013 as fatídicas goleadas sofridas para o rival, justamente no retorno à Fonte Nova, agora nova arena. Crise no Fazendão, invasão de torcedores no CT, inferno astral tricolor. Mas em todo fim no túnel existe uma luz.

Foi em 2013, que o surgiu o movimento "Bahia da Torcida". Foram mais de seis mil pessoas reunidas na Arena Fonte Nova, e o movimento pedia a renúncia imediata de Marcelo Guimarães Filho, presidente do clube na época. Para se ter noção da crise que acontecia, o Bahia havia jogado contra a Luverdense pela Copa do Brasil, e apenas 2 mil pessoas estavam presentes na partida, público 3 vezes menor que o da noite do evento de lançamento do movimento.

  

Após muita guerra, enfim a torcida venceu e o Tribunal de Justiça da Bahia depôs Marcelo Guimarães Filho da presidência do Esquadrão, após denúncias de irregularidade na sua administração. Com isso, ocorreu uma intervenção no Bahia, que foi gerido temporariamente pelo advogado mineiro Carlos Rátis. Enfim, no dia 7 de setembro de 2013, o Bahia teve sua independência dos "falsos donos" e teve a primeira eleição democrática da história do clube, indo para as mãos do verdadeiro dono, o torcedor. Fernando Schmidt foi o primeiro mandatário eleito pela torcida (pelo sócio torcedor). O resto é história.

George Reis, primeiro torcedor a votar na primeira eleição democrática da história do Bahia

Sim, a história do Bahia gira em torno da torcida, o Bahia vive por causa do torcedor e sim, sem o fanático tricolor o Bahia não estaria mais aqui. A torcida do Bahia não é de Ouro, é de Diamante, e um patrimônio histórico do estado.


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