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Clubes do interior divergem sobre volta do Campeonato Baiano

Autor(a): Redação Galáticos Online (Twitter - @galaticosonline) em 01 de Julho de 2020 18:00
Foto: Divulgação / FBF

Paralisado desde 17 de março, o Campeonato Baiano pode retornar neste mês. Mesmo ainda diante da pandemia da Covid-19, que assola o país, cartolas do Estado já vislumbram a volta da competição a partir de 15 de julho.

Organizadora do certame, a Federação Bahiana de Futebol ainda não se pronunciou oficialmente, mas informações de bastidores dão conta de que essa também é a data trabalhada pela entidade para o retorno. Tudo depende, porém, do Governo do Estado e prefeituras das cidades com clubes envolvidos na disputa.

A realização de eventos esportivos na Bahia está suspensa por decreto, até a próxima segunda-feira (6). A expectativa é de que a autorização para realização das partidas, sem público nos estádios, seja dada no mesmo dia.

Porém, o retorno sequer é unanimidade entre os protagonistas do campeonato. Dos dez clubes participantes da Série A estadual, apenas Bahia, Vitória e Bahia de Feira já voltaram aos treinos. O Jacuipense deve se juntar ao trio na próxima segunda.

Tremendão e Leão do Sisal, assim como a dupla Ba-Vi, defendem a volta do Baiano neste mês. Mas, eles não têm o apoio das demais equipes.

O Galáticos OnLine ouviu presidentes e representantes de seis dos oito clubes do interior na competição. Quatro se posicionaram contra a retomada dos jogos (Leia todos os depoimentos abaixo). O Atlético de Alagoinhas não enviou seu posicionamento até o fechamento desta matéria. Já o Fluminense de Feira não atendeu nem retornou as tentativas de contato.

O Estadual ainda tem seis rodadas a serem realizadas. Duas delas são válidas pela fase de classificação e as quatro restantes pela semifinal e final.

Confira abaixo o depoimento de cada dirigente:

Jacobina Esporte Clube

Rafael Damasceno (Vice-presidente) - Jacobina encontra-se com todas as atividades paradas. Não temos nenhum jogador no elenco, até porque esse ano nós só tínhamos o Campeonato Baiano, então só fizemos contrato até o término da competição. Nós tínhamos o jogo mais importante do campeonato, que seria contra o Doce Mel, no final de março, o jogo da nossa vida em casa. Preparamos uma grande festa, mas terminou a competição. Estamos numa situação complicada, porque se falamos que somos contra o retorno do Baiano, as pessoas podem interpretar que o Jacobina quer tirar proveito do fim do campeonato. Se fala que é a favor do retorno, as pessoas podem falar que somos irresponsáveis e não estamos ligando para a vida. Caso retorne, nós não temos elenco. Acho até um pouco injusto com Jacobina e Doce Mel, que são dois clubes que brigam contra o rebaixamento. Como está o Doce Mel? Como vai vir jogar em Jacobina, uma cidade que tem mais de 500 casos confirmados? Como as autoridades vão enxergar isso? Como vamos cumprir o protocolo da CBF? É tudo muito difícil para se falar nesse momento. Não temos como pagar as despesas. Teríamos que ver alguma forma de como seriam esses custos. Acho que a Federação deve marcar um arbitral, alguma conversa com os clubes antes do retorno... Temos que discutir esse retorno. Está um pouco precipitado, mas uma hora ou outra alguma decisão precisa ser tomada. Vamos aguardar o posicionamento da reunião, para discutirmos a melhor forma. Prejuízo todos os clubes e a Federação já tomaram. Agora é vermos a melhor forma do retorno. O Jacobina é contra o retorno, devido às condições do momento. Mas vamos aguardar e ver qual a melhor forma de tomar a decisão em conjunto. Tenho certeza que será tomada a melhor decisão para o futebol da Bahia.

Doce Mel Esporte Clube

Eduardo Catalão (Presidente) - Estamos vendo com muita preocupação, principalmente pelo momento de pandemia que ainda estamos passando na nossa região, que ainda é muito grave, muito alta. O número de mortos no Brasil é muito maior do que a quantidade de habitantes da nossa cidade. Tudo isso preocupa. Além disso, nós desfizemos todo o plantel, não ficamos com nenhum jogador. Tem a questão de transporte desse pessoal, tanto intermunicipal como estadual, que não estamos tendo. Não temos dinheiro também, mas se voltar, temos que participar, é claro. Mas vamos participar do jeito que der. Se possível com um time melhor. Se não, a gente faz o que o dinheiro der para cumprir com a obrigação. Não sou (a favor do retorno) pelo atual momento da pandemia. Pelo que as autoridades têm demonstrado, ainda não começamos a descendente. Isso me preocupa muito, principalmente por eu estar numa região onde o nível de infecção é alto e tem trazido muitas coisas ruins para nossa região. Além disso tem a questão financeiro, de num momento desse termos que fazer um gasto elevadíssimo para jogar duas partidas. Seriam praticamente vinte dias para fazer esse trabalho. São por esses motivos que não sou a favor da continuidade, pelo menos agora não.

Sociedade Desportiva Juazeirense

Roberto Carlos Leal (Presidente) - Eu sou contra. A nossa luta, agora, é pela vida. Não podemos colocar em jogo a vida humana. A Juazeirense não tem nenhum tipo de interesse de voltar ao Campeonato Baiano nesse momento. O momento é da CBF refletir e anular os campeonatos. Colocar as vagas pelo ranking nacional em 2021. Tem que ser uma combinação. Está no regulamento que o campeonato terminava em abril. Por exemplo, eu comecei a competição com 32 jogadores até abril. Até 10 de maio eu tinha 25 jogadores e hoje só tenho 5. Como vou disputar o campeonato com cinco jogadores se a Fifa não permite? A FBF pode impor que o campeonato retorne, mas não pode impor que os clubes participem... Seria o mais sensato que a classificação para o Brasileiro Série D fosse dada pelo Ranking nacional, tem que ter critério.

Esporte Clube Jacuipense 

Felipe Sales (Presidente do Conselho Deliberativo) - "Nosso posicionamento é para que o campeonato retorne e não enxergamos motivos para que isso não aconteça, considerando que outros torneios irão acontecer no país, a exemplo do próprio campeonato nacional da Série C. A gente vai iniciar os treinos para o brasileiro na próxima semana, então não faz sentido não jogar o Baiano. Particularmente não temos nenhuma restrição enquanto a retomada do campeonato, até porque existe patrocínio envolvido, cota de TV que já foi disponibilizada e isso precisa ser levado em consideração. Acho importante entregar ao patrocinador tudo aquilo que foi prometido no início da competição. Então, mesmo nesse período atípico de pandemia, se existir calendário, a gente não tem nenhuma restrição. Estamos dispostos a jogar mesmo estando bem na tabela, pois queremos concluir o campeonato dentro de campo”.  

Esporte Clube Primeiro Passo Vitória da Conquista

Ederlane Amorim (Presidente) - "Entendemos a necessidade de o futebol retornar às atividades, pois somos uma empresa e estamos praticamente quatro meses com a parte desportiva e administrativa fechada. No entanto, por conta de tudo o que vem acontecendo e dos riscos à vida, acho que ainda é precipitado e negligente. Imagino que a CBF esteja pressionando a Federação Bahiana, assim como federações de outros estados, pela preocupação única e exclusiva de resolver a questão burocrática de cumprimento de datas. Imagina o impacto que isso irá causar em times de menor estrutura, como é o nosso caso. Alguns desses times têm dificuldade até para viabilizar exames para seus funcionários. No nosso caso estamos sem elenco, todos os jogadores foram dispensados em março. Agora, temos apenas 5 ou 6 atletas com contrato ativo com o time. Então, voltaremos mais para resolver um problema administrativo das autoridades do que pela própria necessidade do futebol. Hoje não temos nenhuma receita e nenhuma perspectiva que esse cenário possa mudar. Impossível pagar os profissionais para retornarem às pressas sem recurso. Ou seja, para onde olhar só existe prejuízo.  O Vitória da Conquista, inclusive, à CBF para desistir da Série D desse ano, mas infelizmente a instituição não aceita esse abandono e penaliza o clube que assim decidir se retirar da competição. Por fim, caso haja o Baiano, voltaremos de forma desorganizada e improvisada, apenas para cumprir esse final da competição.  Acho um risco desnecessário, pois futebol e calendário se recuperam, mas a vida humana não”.

Associação Desportiva Bahia de Feira 

Jodilton Souza (Presidente) - "O que aconteceu a nível da pandemia foi uma coisa atípica e que não foi responsabilidade de ninguém. Então, isso é uma penalidade que cada um vai ter, não só no futebol como em qualquer outra empresa as penalidades estão existindo. Eu acho que o campeonato deve continuar, qualquer situação que você pense contrária não tem muito foco e não tem muito objetivo porque as coisas foram definidas via Fifa. No momento que a Fifa determinou que as Eliminatórias vão começar em setembro, isso quase que obriga os clubes a retornarem em agosto para eles começarem a colocar em forma os seus atletas que obviamente serão convocados para a seleção brasileira. Por isso que o campeonato da Série A e B vai começar agora no dia 8 de agosto. Eles teriam o mês de agosto todo jogando e se preparando fisicamente. Nós mantivemos todo nosso elenco, perdemos apenas um atleta, mantivemos todos os principais atletas. Nossa equipe está completa, fizemos seis novas contratações, o goleiro Rodolfo, o lateral Ângelo, o zagueiro Emílio e mais outro zagueiro que está vindo do Mato Grosso, um atacante de beirada que foi do Fluminense. A gente está reforçando a equipe e eu acredito muito nesse projeto do Bahia de Feira.

Alagoinhas Atlético Clube

O presidente Albino Leite afirmou que enviaria seu posicionamento posteriormente. Mas, a redação não recebeu a resposta até o fechamento da matéria.

Fluminense de Feira Futebol Clube

O presidente Pastor Tom não atendeu nem retornou as tentativas de contato.


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