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Ricky lembra primeira injúria racial que sofreu e afirma: "Não tinha capacidade de me marcar"

Autor(a): Pevê Araújo - Instagram (@pevearaujo) em 08 de Junho de 2020 14:00
Foto: Divulgação/Ricky

Grande jogador de futebol nos anos 80, o centroavante Ricky marcou história nas equipes que passou. Africano, o atleta foi destaque no Vitória, sendo artilheiro do Brasil em 1985. Com grande destaque, o Rubro-Negro vendeu o atleta para o futebol francês, onde também marcou muitos gols, mas foi vítima de um triste caso de racismo. 

Ricky teve passagem brilhante também pelo Benfica, grande clube da Primeira Divisão de Portugal, onde marcou 250 gols e ganhou o prêmio “Bola de Prata”, dados a atletas que ficam em primeiro no ranking de gols marcados no Campeonato Português.
 

P: Ricky, você lembra da primeira vez que sofreu racismo por estar jogando futebol?

R: Na primeira vez que eu me senti discriminado, estava jogando contra um time chamado Brest, da França, onde Júlio Cesar jogou, zagueiro da Seleção Brasileira, onde iniciou o Zinedine Zidane. Eu estava jogando campeonato, em 1987. Eu tinha feito o primeiro gol e o zagueiro adversário viu que eu iria fazer o segundo gol e falou algumas coisas, usou palavras para me provocar. Foi a única vez que senti racismo na pele. Ele veio e falou algumas palavras que não valem a pena repetir

P: Qual foi sua postura após o fato? Você levou para a justiça?

R: Eu só comuniquei ao meu clube. Eles queriam tomar providencia, eu falei que o rapaz fez de raiva. Ele acabou se diminuindo, eu nem liguei para isso. Na situação que aconteceu, eu não ia perder meu tempo. A gente tinha que voltar naquele mesmo dia de avião, depois teria que ir para Paris para fazer depoimento. Eu disse a ele 'coitado, você discrimina as pessoas pela cor, ofendendo as pessoas. Não tem nem capacidade para me marcar', eu deixei para lá

P: Falando de uma situação mais atual. Você tem visto o número crescente de casos de racismo no mundo da bola?

R: É lamentável, realmente. Estão aumentando os números de caso, principalmente na Itália. Acho que é daí que a federação italiana tem que reagir. A associação de jogadores da Itália tem que reagir

P: Em que tipo de medida você acredita para que atos racistas deixem de acontecer nas arquibancadas?

R: Na Rússia acontece, em Belarus também está acontecendo, infelizmente a punição tem que ser severa pelas federações, Antigamente, até pouco tempo, os torcedores ingleses era chamados 'Hooligans' por essas atitudes também. Sabe qual é a punição para quem ofende o outro com racismo na Inglaterra. No dia do jogo do clube dele, ele não pode ir para o estado. Ele tem que se apresentar na delegacia na hora do jogo. Quando acaba, ele vai embora. Uma punição severa é necessário para acabar com essa onda

P: Ricky, agora fale um pouco mais sobre a sua carreira no futebol, já que a galera da geração mais atual não pegou o seu auge.

R: Os meninos mais jovens não alcançaram minha carreira no Vitória. Eles não sabem que eu fui um dos melhores esportistas do Brasil inteiro em 1985. Fui artilheiro do campeonato de 85, ainda fomos campeões invictos

P: Como começou sua carreira na Europa?

R: O Vitória me vendeu para um time chamado Metz, da França, só que o primeiro ano só podia jogar dois estrangeiros, por isso o Metz me emprestou, ainda fui terceiro melhor artilheiro do Campeonato Francês

P: Ricky, fale um pouco mais sobre a sua passagem por um dos maiores clubes do futebol português, o Benfica.

R: Eu passei pelo Benfica de Portugal. Tenho um recorde até hoje. Fiz seis gols só num jogo. Estou esperando alguém bater esse recorde. Tem 27 anos já e ninguém bateu ainda. Na Europa fiz uma carreira, fui artilheiro do Campeonato Português, ganhando o famoso Bola de Prata

P: Você acredita que exista uma diferença muito grande entre os atletas dos anos 80 e os atletas atuais?

R: A Europa foi ótima para mim. Eu passei oito anos jogando em Portugal e fiz 250 gols, foi o auge da minha carreira. Só em um ano, em 1992 eu fiz 54 gols. Hoje um atleta faz 10 gols e é artilheiro do campeonato, o segredo era treinamento"

P: Para finalizar, quantos gols você fez ao longo da carreira? 

R: Ao todo, tenho 423 gols na carreira. Dou graças a Deus, meus companheiros sabem que ajudaram, tanto aqui no Vitória quando lá fora, na Ásia e na Europa. Para coroar tudo, fui empossado embaixador da paz mundial e para mim isso foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida


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