Há 26 anos, a vida de Raudinei Anversa Freire mudou para sempre. No maior público da história do clássico Ba-Vi, com 97.200 pagantes - a conta geral passou dos 100 mil -, ele fez um gol no apagar das luzes que deu o título baiano para o Bahia contra o arquirrival Vitória.

O time rubro-negro vencia o jogo por 1 a 0 e estava faturando o Estadual até os 44 minutos do segundo tempo. Vários torcedores tricolores já haviam deixado a Fonte Nova, mas um lance mudou tudo.

Nesta quinta-feira, em entrevista ao programa Itapoan Sports, da rádio Itapoan FM, o ex-atacante relembrou a façanha e classificou o tento como o mais importante de sua carreira. 

“Não foi o mais bonito, mas, de longe, foi o gol mais importante da minha carreira.  No final do segundo tempo, com a presença do maior público da história do clássico, a gente correndo atrás do gol do início ao fim... foi especial demais! Lembro como se fosse hoje, pois aquele campeonato foi muito difícil. O Vitória tinha mantido a base do time do ano anterior, que foi vice-campeão Brasileiro. Não estávamos bem, mas depois que o Joel Santana chegou, as coisas começaram a se encaixar. Alguns jogadores também vieram e deram liga. A zaga do rival estava bem no jogo, mas no fim da partida titubeou.  Depois de uma jogada que começou lá atrás, Souza deu uma “casquinha” de cabeça e sobrou pra mim, entre os defensores. Bati firme de perna esquerda, que era a boa, e graças a Deus fui feliz”.

Claudinei contou detalhes de sua renovação com o Bahia e revelou que o ex-presidente do clube, Paulo Maracajá, teve um papel fundamental para extensão do contrato.

"Depois do título eu tinha apalavrado com um clube da Arábia. Mas no mesmo dia da conquista do título o Maracajá, que era o presidente na época, me disse que me queria aqui no Bahia e que eu não iria para Arábia. Eu não pensei duas vezes. Jamais trocaria o Bahia, Salvador, esse clima, essa torcida maravilhosa... por um clube da Arábia, com todo respeito ao país. Então aceitei prontamente o convite do Maracajá”.

Por fim, o ex-Bahia elogiou a atual diretoria do clube e falou que mesmo de longe acompanha o Tricolor frequentemente.

"Tenho acompanhado o Bahia e a gestão de Bellintani me parece ser muito séria e competente também. Isso acho que já vem da gestão anterior, com o Marcelo, quando o Bahia começou a se arrumar. O Bellintani assumiu é só fez acrescentar. Hoje o clube também é respeitado fora de campo no Brasil inteiro. O presidente do Bahia está sempre colocando suas ideias nas reuniões com as entidades de futebol com muita clareza e lucidez. Tenho certeza que do jeito que as coisas estão indo no Bahia, a tendência é melhorar. Essa torcida merece que o Bahia esteja sempre em um patamar muito alto".

Revelado no Juventus no meio dos anos 80, Raudinei foi para o Porto no meio de 1987. A equipe portuguesa havia acabado de conquistar a Liga dos Campeões da Europa e tinha vários jogadores de destaque.

Sem muito espaço, ele atuou por duas temporadas no Deportivo La Coruña, sendo um dos primeiros brasileiros da história do clube espanhol.

Depois, o atacante passou por Gil Vicente, Belenenses, Guarani e Casetllón, antes de ir ao Santo André para a disputa do Paulistão de 1994. Na equipe do ABC, ele teve um começo arrasador com cinco gols nas primeiras rodadas, mas se desentendeu com um diretor, o que gerou sua transferência ao Bahia.

Raudinei ainda passou por times como Kyoto, do Japão, Juventus, São Caetano, América-RN e Ituano antes de chegar ao Juventude, no qual venceu a Copa do Brasil de 1999.

Após pendurar as chuteiras ele resolveu trabalhar como empresário de jogadores. Agora, tem um escritório em São Paulo que cuida de atletas como Luis Ricardo (ex-São Paulo e Botafogo), Ivo (ex-Palmeiras), Thiaguinho (ex-Corinthians) e Yuri (Fluminense), entre outros.