Estádio da Fonte Nova. 14 de dezembro de 2003. O Bahia de despede de forma melancólica da Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. A derrota de 7 a 0 para o Cruzeiro, campeão daquele ano, foi a cereja no bolo para a falta de planejamento naquela temporada.

Do primeiro jogo, contra o Fortaleza, no Castelão, até a fatídica última rodada, cinco treinadores comandaram o time tricolor. Os campeões brasileiros de 88, Bobô, Gil Sergipano e Evaristo de Macedo, foram os três primeiros. Depois veio Lula Pereira e, por fim, Edinho Nazareth, último treinador da equipe naquela temporada.

Neste domingo, 7 anos, 5 meses e 8 dias depois da última partida na Primeira Divisão, o Bahia estará de volta. Como na despedida da Série A, diante de um time mineiro. Desta vez, o América-MG.

O retrospecto de 2011 já é de causar arrepios ao torcedor. Antes mesmo do início do Brasileirão, o Tricolor já teve quatro técnicos, um a menos do que em 2003. Além disso, o Bahia é praticamente nome de consenso entre os profissionais de todo o país na lista dos quatro possíveis rebaixados.

No entanto, há motivos para ter esperança. Diferente de 2003, jogadores de nome continuam a chegar. Se o único nome de destaque no time rebaixado há 8 anos era o ex-corintiano Didi, além do goleiro Emerson e do meia Preto Casagrande, em 2011, jogadores com maior expressão nacional compõem o elenco. O destaque fica com a dupla de ataque formada pelo polêmico, mas não menos talentoso, Jobson e por Souza, que tem no currículo a artilharia do Brasileirão em 2003, quando defendia o Goiás.

Apesar da pouca experiência em pontos corridos na Série A, as duas últimas temporadas do Tricolor foram ambientadas ao sistema. A Série B passou a ser disputada em formato semelhante à Primeira Divisão em 2006, quando o Bahia estava na Série C, onde permaneceu no ano seguinte. Apenas em 2008, o Tricolor voltou à Segunda Divisão. Naquele ano, sem “casa”, o time mandou seus jogos em Feira de Santana e ficou apenas em 10º lugar. No ano seguinte, quase um novo vexame. O time chegou a ficar ameaçado de uma nova queda à Terceira Divisão, mas escapou e terminou o campeonato em 12º.

Em 2010, a diretoria entendeu a lógica da competição. Renato Gaúcho iniciou a temporada no comando do time, mas, ainda no começo do Brasileiro, se transferiu para o Grêmio e deu lugar a Márcio Araújo. Com tempo para desenvolver um trabalho de qualidade e jogadores de nível técnico diferenciado, o Tricolor baiano entrou nos trilhos e fez a sua primeira boa participação em uma competição por pontos corridos. Como prêmio, o clube terminou a Série B em terceiro e ganhou o acesso à Série A .

A partir do próximo domingo, o bi-campeão brasileiro terá que provar que aprendeu a lidar com os pontos corridos. Repetir a receita da Série B de 2010 será fundamental. Foram 10 vitórias longe de Salvador. Se, a princípio, a missão é manter-se na Primeira Divisão, René Simões e seus comandados querem provar que o Gigante baiano despertado pode ir muito mais além.