Calvário Colossal

Quando Marielson Alves Silva apitou o final do jogo entre Vitória e Barcelona de Ilhéus pela 9ª rodada do Campeonato Baiano 2023, estava decretado: Pelo quinto ano consecutivo o Esporte Clube Vitória não conseguiu se classificar para a fase final do Campeonato Baiano, ou seja, mais um vexame histórico acumulado com o seu torcedor testemunhando de perto mais um capítulo do apequenamento do seu clube. Mas para abordamos o momento, alguns ingredientes são necessários.

Após o rubro-negro conseguir o acesso para a Série B, com uma campanha surpreendente nas últimas rodadas da Série C, onde somou dezoito pontos em vinte e quatro disputados, o torcedor “comprou a briga” e voltou a apoiar o time com o maior fervor possível, afinal era apoiar ou apoiar, até porque fazer uma campanha de manutenção na Série C, com 2% de chance de acesso e pela “Mão de Deus” receber a oportunidade de jogar o quadricular final, virou um presente irrecusável para a torcida que temia pelo pior, surgindo ali um Vitória Colossal.

O fato é que ressurgir das cinzas, foi extremante importante, mas jogou para debaixo do tapete a parte técnica, o esquema tático, as dificuldades de apresentar um jogo convincente e o apagão na memória dos últimos anos de profunda crise, como os rebaixamentos, problemas financeiros e um bastidor político que assombraram e assombram fazendo com que até os que não torcem pelo time, fiquem boquiabertos. Além da super dimensão que alguns personagens começaram a ter, como João Burse, Eduardo, Dalton, Rafinha, Tréllez, entre outros, que subiram de status após uma sequência inacreditável, coisas que só os milagres fazem!

Como todos nós sabemos o Vitória subiu, terminou as suas atividades em 24/09/2022 com o acesso garantido à divisão superior, ali se anunciava um calendário acessível pela Copa do Mundo ser disputada pela primeira vez no final do ano, ou seja? Dava tempo para trabalhar? Ôh, se dava! Com isso a Diretoria manteve João Burse e os destaques do fim da temporada dentro de campo, decisão acertada. Mas todo planejamento é feito para prever caminhos tortuosos dentro da temporada e o atual momento em que se encontra, é um desses a que me refiro. Leva tempo para arrumar a casa? Sim, leva. Por isso refletir sobre o ocorrido precisa ficar em segundo plano, já que o foco é reformular a instituição de A a Z.

No trabalho que se iniciou, surgiram contratações como João Lucas, Railan, Dankler, Camutanga, Osvaldo, Léo Gamalho, Zeca, Nicolás Dibble, Diego Torres, Gegê, Rodrigo Andrade e João Victor, os últimos voltaram de empréstimo sendo muito úteis na Série B ao atuarem pelo Guarani de Campinas. Porém, apesar do bom início, ao se classificar para a fase de grupos do Copa do Nordeste, os resultados vexatórios no Estadual demonstraram que o que parecia entrar minimamente no eixo, escancarou as fragilidades gritantes, que tiveram seu ponto alto na goleada sofrida contra o Itabuna.

João Burse balançou, os resultados na Copa do Nordeste não vinham e contra o CSA, o treinador que parecia estar num pedestal vermelho e preto, foi demitido. Logo chegou Léo Condé com o elenco herdado pelo antecessor, o Vitória que não venceu na Copa do Nordeste nessa edição, no último domingo, não se classificou para a fase final do Baiano. Foram 90 dias pra se planejar, 30 dias de pré-temporada e assustadoramente o que era Colossal foi se esvaindo e a regularidade dos insucessos se manteve. O fato é que apesar do ano passado, Fábio Mota se vê encurralado, perdido, sem ter um norte, um sul, um leste e um oeste pra caminhar, e o pior, dessa vez ele não pode contar com nenhum santo para fazer os milagres acontecerem e consequentemente, afastar esse CALVÁRIO COLOSSAL!

Foto: Pietro Carpi/ECV