Vadão agradece a Marco Polo Del Nero por transformação no futebol feminino
Por Redação Galáticos Online(Twitter: @galaticosonline)
Publicado em 17/06/2016, às 08h50Em carta longa divulgada no site da CBF, o treinador da Seleção Feminina na Olimpíada de 2016, Vadão, falou da importância da conquista de uma medalha de ouro nos jogos do Rio, o que para ele seria a “realização de um sonho”. Ao mesmo tempo, o técnico fala que um “terceiro ou segundo lugar será um belíssimo resultado”.
Com tom de emoção, Vadão agradece ao Presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Segundo ele, o dirigente da entidade teria “transformado o futebol feminino nos últimos anos”. Confira na íntegra:
A cada dia que passa, a ansiedade fica maior. Esse ano, no Rio, será a minha primeira Olimpíada. Nem passava pela minha cabeça que um dia eu iria disputar os Jogos Olímpicos. Há dois anos, quando fui convidado para assumir o projeto da Seleção Feminina, fui pego de surpresa. E desde o começo, sempre foi um trabalho que tinha como objetivo final os Jogos do Rio 2016.
Sempre fui um torcedor de Olimpíadas. Obviamente lembro de algumas partidas importantes. No futebol, me marcaram muito as duas medalhas de prata do Brasil, em 2004 e 2008, e a da derrota da masculina para a Nigéria, em 1996. A conquista do vôlei feminino, com o José Roberto Guimarães, também me marcou muito. Vejo muita coisa do que ele faz no meu trabalho.
É uma feliz coincidência que poderei realizar um sonho no meu país. Comandar a Seleção Feminina nas Olimpíadas do Brasil será um prêmio por tudo que sempre fiz na carreira. Sempre estive entre atletas, até como preparador físico e nos meus 24 anos como treinador. E eu sei que o futebol feminino precisa de uma medalha para fortalecer ainda mais o desenvolvimento da modalidade, especialmente se for de ouro. Mas, apesar da minha experiência, será muito difícil. Não são só duas ou três favoritas. Além da pressão, o Brasil brigará com pelo menos sete ou oito equipes pelo título. As Olimpíadas serão no Brasil, se chegarmos às finais serão no maracanã, que é um símbolo do futebol brasileiro e mundial. Tudo isso nos leva a ter uma motivação muito.
Sei que nosso trabalho foi muito bom, principalmente depois que a CBF deliberou a criação da Seleção Permanente. Tivemos um crescimento tão grande no último ano, que passamos de duas para dezesseis jogadoras atuando fora do pais depois do Pan-Americano de 2015, em Toronto, e do torneio de Natal. Nossas atletas passaram a ser vistas com outros olhos.
Em Toronto, a gente teve o privilégio de ouvir o hino do lugar mais alto pódio. O Pan-Americano é quase uma preliminar olímpica e a gente já sentiu uma emoção muito grande. Quando chegamos na Vila, onde estavam todos os atletas , todo mundo nos respeitava muito. Nós só passamos uma noite na Vila, e chegamos com uma medalha de ouro no peito, o que todos ali estão buscando e muitos não conseguem. Existe um reconhecimento interno dos atletas. É totalmente diferente de ganhar um título por um clube, que é mais uma resposta ao torcedor, ao clube. Você não tem esse sentimento.
Quando as Olimpíadas acabarem, quero contar a história da medalha de ouro, é claro. Mas acima de tudo, de ter tido o privilégio de trabalhar com excelentes atletas. Com a melhor do mundo, a Marta. Com um símbolo do futebol mundial, a Formiga. Nenhuma outra jogadora tem seis Olimpíadas jogadas. Mesmo com todos nossos problemas, conseguimos formar lendas como as duas.
Independentemente do resultado final, terminar sempre de cabeça erguida é a mensagem do esporte. Mas o resultado é uma necessidade do Brasil. Nós já temos a medalha de prata. Para o efeito que queremos, precisamos ter o ouro. Será um belíssimo trabalho se subirmos no pódio como terceiros ou segundos, mas o ouro é uma necessidade.
A CBF chacoalhou o futebol feminino nesses dois anos. Eu queria retribuir com o resultado para o presidente e todos que conseguiram transformar o futebol feminino nesses últimos anos. Subir no pódio não é brincadeira. Então quero o meu time jogando futebol, comunicamos uma maneira de jogar para as meninas. Quero meu time com dignidade. O esporte é exemplo. Não adianta chegar lá e jogar sem respeitar o adversário.