Paratleta baiana relata sua inspiradora lição de vida

Paratleta baiana relata sua inspiradora lição de vida'

Por Secom

Publicado em 12/03/2016, às 19h35

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Uma inspiradora lição de vida, que deixou lágrimas nos olhos dos presentes e da palestrante, embalou a manhã desta sexta-feira 11 das servidoras da Setre, no último dia de comemorações da Semana da Mulher. No hall de entrada do prédio, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), uma emocionada paratleta baiana relatou sua lição de vida e superação.

Portadora da Síndrome de Ehlos Danlos, doença rara, progressiva e degenerativa, que a levou à cadeira de rodas, aos 33 anos, a medalhista olímpica Verônica Almeida, de 40 anos, mãe dos gêmeos Marcelo e Bianca, de 12 anos de idade, encerrou com chave de ouro as celebrações.

Verônica Almeida começou afirmando: “não vou fazer uma palestra. Faz de conta que é um filme da história de minha vida”. História que, se bem contada por um cineasta, poderia levar uma das grandes estatuetas do cinema mundial.

A atleta paraolímpica emocionou e emocionou-se a cada frase. O secretário Álvaro Gomes valorizou a trajetória de vida da nadadora e disse que “todos na Setre sentem-se honrados em conhecer uma história tão bonita e que seu exemplo vai estimular a muitos”.

Vencedora no Para-Pan de Toronto 2015 com três medalhas - prata nos 100 metros nado peito; e duas de bronze nos 50 metros nado livre e também borboleta S7, para nadadores com limitações físico-motoras, Verônica Almeida começou a competir no paradesporto em 2007, por recomendação médica. Inicialmente na classe S10.

RELATO DRAMÁTICO

“Em 2007 um médico me disse que eu teria apenas um ano de vida. Não pensei muito e decidi viver. Dormi andando e acordei sentada. Na academia onde dava aulas fui proibida de entrar de cadeira de rodas e demitida. Fiquei na frente da internet teclando e procurando sobre a Síndrome de Ehlos Danlos. Um dia abri a internet e lá estava a notícia de um teste experimental, escrito em francês. Seriam 20 pessoas. Fui escolhida pelo dedo de Deus”.

“...Cheguei em Paris e estava nevando bastante. Tinha que apresentar os R$ 200 mil para o teste e depois de cinco dias me apresentar no hospital. Foram cinco dias na rua de Paris. Foram cinco dias que me ensinaram o significado da palavra vida. Fiquei debaixo de uma marquise. Sentia frio e fome. Na terceira noite foi a pior. A boca partiu e sangrava muito. Comecei e ter alucinações”.

“...Quando o médico pegou nos meus exames eu tinha zero ponto três (0.3) de colágeno. Eles não queriam fazer o teste. Tive que assumir a responsabilidade e tomar uma droga que induz ao pré-coma. Foi a única vez que eu questionei a Deus. “Por que isso?”. Em seguida desmaiei. Acordei 48 horas depois”.

“...Deus é tão bom. Eu nasci com a doença e convivi com ela até os 33 anos. E sem saber engravidei de gêmeos. Hoje eu sei, que muito mais do que ser atleta é ser mãe. Sou a única mulher no mundo - com esta doença - a gerar um filho”.

“...Agora estou lutando para voltar a andar. Levo choques três vezes ao dia e já mexo com as pernas. Nossa forma de superar é a cada instante. Foi assim que consegui ser atleta de alto rendimento. Recentemente entrei no Guiness Book fazendo a Travessia Mar Grande-Salvador, nadando apenas com o braço esquerdo, porque o direito eu não uso. É parafusado”. E finalizou: problemas são oportunidades únicas de superação e de vitórias”.
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