Bom Senso realiza protesto na porta da CBF e cobra mudanças na entidade

Ex-jogadores, representantes do movimento Bom Senso e torcedores realizaram um protesto, na tarde desta terça-feira (15), em frente à Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro. O protesto na porta da entidade pediu a democratização do processo eleitoral do órgão nacional.

Presente no movimento, o ex-jogador Raí falou sobre o objetivo do manifesto, que foi lido em voz alta na entrada da CBF. "A intenção é principalmente democratizar o sistema eleitoral da CBF. A gente não apoia nenhuma chapa, nenhum candidato, mas tem ideais e quer participar do processo, abrindo para mais atores a discussão", disse.

O craque são paulino seguiu com duras críticas à entidade. "O sistema é viciado e fechado e por isso o manifesto. É claro que existem pessoas capacitadas e com vontade de fazer a diferença, mas elas ficam inibidas por causa dessa restrição. Precisamos quebrar o sistema para que todos tenham a oportunidade para contribuir. Um país que quer viver uma realidade democrática não pode aceitar que um bem cultural seja tratado desta maneira", completou.

Outro líder do protesto, o ex-atleta Alex afirmou que o grupo não tinha como foco ser recebido pelos mandatários do futebol brasileiro.  "Eu não tenho essa expectativa, porque como membro do Bom Senso eu já encontrei com eles diversas vezes em 2013, apresentamos propostas e não fomos ouvidos. Não tem o que conversar, só mudar. A cada dia nosso futebol desanima mais e isso tem que acabar", destacou o craque do futebol brasileiro.

Leia o manifesto contra a CBF:

Brasil, dezembro de 2015

A Confederação Brasileira de Futebol vive a maior crise de sua história.
Seus últimos três presidentes são réus em investigação policial internacional por fraude na CBF e na FIFA. José Maria Marin está preso desde maio, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero estão indiciados pela Justiça dos EUA desde o dia 3 de dezembro.

Compreendemos que a sucessão determinada por um estatuto viciado, que foi arquitetado e aperfeiçoado para a manutenção do poder nas mãos dessa mesma linhagem, é ilegítima e imoral.

Exigimos a renúncia definitiva de Marco Polo Del Nero e sua diretoria, seguida da convocação de eleições livres e democráticas para o comando da CBF, sem a atual cláusula de barreira, mecanismo que impede a aparição de posições independentes ao sistema vigente, pois exige oito assinaturas de federações e mais cinco de clubes para candidaturas.

A crise de corrupção é a face mais vísivel de um profundo problema estrutural, que travou o desenvolvimento do futebol brasileiro em todas as suas dimensões.

Conclamamos a Procuradoria Geral da República, a Polícia Federal e a Receita Federal a não deixar impunes quem corrompeu ou quer continuar a corromper o futebol pentacampeão mundial.

Aos clubes e federações, pedimos que se paute e vote a alteração de pontos estatutários necessários para a democratização e desenvolvimento de nossa maior paixão, inexorável e sem volta.

De nossa parte, signatários deste manifesto, acreditamos que, caso as mudanças sejam iniciadas, os novos mandatários da CBF, juntamente com os muitos personagens capacitados e honrados da comunidade do futebol saberão criar as condições para a reconstrução da credibilidade, confiança e retomada do protagonismo esportivo do futebol brasileiro, de seus jogadores, da alegria do jogo e, principalmente, dos torcedores.