Licitação da Arena Pernambuco foi direcionada para que Odebrecht saísse vencedor

Licitação da Arena Pernambuco foi direcionada para que Odebrecht saísse vencedor

Imagem Licitação da Arena Pernambuco foi direcionada para que Odebrecht saísse vencedor

Por Redação Bocão News

Publicado em 15/08/2015, às 15h37

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A Operação Fair Play, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em cinco estados - Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, e Bahia - e no Distrito Federal, está investigando fraude na concorrência internacional e apurando superfaturamento na construção da Arena Pernambuco - estádio construído na Região Metropolitana do Recife - e no contrato de concessão entre o estado de Pernambuco e o grupo controlador da arena, segundo informou o jornal O Globo.    Segundo o superintendente da PF em Pernambuco, Marcello Diniz, o edital de licitação da obra foi direcionado para que a Odebrecht saísse vencedora, havendo "frustração do caráter competitivo". Durante a operação, a agentes apreenderam documentos contábeis e técnicos de engenharia na sede do Comitê de Gestão de Parcerias Público-Privadas do governo de Pernambuco e também na sede da Odebrecht em várias cidades.   O custo do estádio nunca foi confirmado, mas é estimado em mais de R$ 700 milhões. A PF estima em R$ 42,825 milhões o valor de superfaturamento da obra, que atualizado pode chegar a R$ 70 milhões. Por enquanto, o único crime comprovado é de fraude na licitação.   O coordenador da operação, delegado Felipe Barros Leal, explica que a Odebrecht foi procurada para fazer o projeto do estádio um ano antes de sair a licitação. Mas, quando o edital saiu, as concorrentes tiveram somente 45 dias para elaborar uma proposta. Segundo ele, as buscas em outras cidades têm caráter apenas informativo.   O inquérito da PF constata quatro crimes: organização criminosa, corrupção de agentes públicos, fraude de licitação e de financiamento. A informação que deflagrou o início das investigações, em julho de 2014, foi a subvalorização dos terrenos no entorno da arena. Essa subvalorização provocaria um aumento no valor do financiamento conseguido junto ao BNDES.   De acordo com o delegado, o contrato não inclui só a Arena, mas toda a área que circunda. Uma vez edificados, a construtora então precisa pagar um percentual pelo terreno quem segundo Leal, gira em torno de 8%. A subavaliação de terrenos fez com que o empréstimo do BNDES fosse maior que o necessário.    O governo do Estado de Pernambuco informou que prestará todos os esclarecimentos necessários à PF e que a construção da Arena observou todos os requisitos, prazos e exigências da Lei de Licitações e da Lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs), tanto que foi julgada regular pelo Tribunal de Contas da União e pelo Tribunal de Contas do Estado.   A nota do governo ressalta ainda que "a Lei das PPPs e a Lei de Concessões prevêem, expressamente, a possibilidade de o autor do estudo de viabilidade do projeto participar da licitação, não decorrendo desse fato qualquer irregularidade, fraude ou frustração do caráter competitivo da disputa".   Em nota divulgada nesta sexta-feira, a Construtora Norberto Odebrecht cita os mandados de busca e apreensão "em sua sede no Rio de Janeiro, bem como nos escritórios de São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Brasília com o objetivo de coletar dados e informações relacionadas à Arena Pernambuco".   "A empresa tem convicção da plena regularidade e legalidade do referido projeto. A CNO reafirma, a bem da transparência, que sempre esteve, assim como seus executivos, à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e apresentar documentos sempre que necessário, sendo injustificáveis as medidas adotadas nesta data", diz a nota.

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